segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Poesia em si - Rimas



A rima é a semelhança de sons, finais ou internos nos versos.

Quanto à sua localização

Externa e interna

A rima é externa quando os sons são semelhantes no final dos versos

Por ser rima externa estou aqui fora
Morrendo de frio, atrás desta porta

A rima é interna quando rima a palavra final do verso com uma palavra no próprio verso ou no interior do verso seguinte.

Sou rima interna, estou aqui dentro
E aqui vou vivendo, sem hora, sem pressa

Rima quanto ao vocabulário (explicar a nobreza da rima, rara, pobre ou rica)

Rimas pobres ocorrem com palavras da mesma categoria gramatical. Sonoricamente é quando a rima iguala-se as letras a partir da vogal tônica.

Pede esmola à porta, o rima pobre
Que espera da benevolência a sorte
Pode assustar sua pobreza um dia
E a transformar tristeza em alegria 1


Segundo a gramática, dia e alegria são substantivos e pertencem a mesma classe gramatical. Portanto são rimas pobres. Sonoricamente  a riam também é pobre, pois as palavras dIAS e alegrIAS só se identificam a partir da vogal tônica.

Rimas ricas  São palavras de classes gramaticais diferentes, entre um substantivo e um adjetivo por exemplo. Sonoricamente a rima é rica se a identificação começar antes da voigal tônica.

Em ouro é feita a rima sem usura  (Verbo)
Com pedras preciosas esmerada  (verbo)
Do verso é a mais rica morada (substantivo)
Repleta de valores a formosura (Substantivo)
Gramaticalmente são rimas ricas, pois usura (verbo) rima com formosura (substantivo) e Esmerada (verbo) com morada (substantivo). Sonoricamente são rimas ricas também, pois a semelhança de letras vem antes da vogal tônica. uSURA com formoSURA (a vogal tônica é o U)  e esmeRADA com moRADA. Neste caso a vogal tônica é o (A) 

Rimas raras – são as rimas dificilmente encontradas.

Como cinéreos versos traça a escrita
Ciosos, na prosápia do ofício
Nascidas sobre o amplexo do escrínio
           Mortas, no doce alento da grafia

Rima quanto à disposição

Rimas cruzadas ou alternadas – aparecem no esquema abab, aparecem sempre cruzada nas estrofes.
   

                                             Cruzadas rimas

Sobre as armas, as rimas nestas cruzadas
Bernardo e Vincente, nobres cortesãos 
Empunham palavras tal qual brancas armas
Cavaleiros honrados, floretes na mão
Do ideal de uma morte, a morte que talha
Honrando e lavrando o sangue cristão
Da parte do corpo, da parte da alma
Faz-se da rima a palavra, a velha oração

Rimas emparelhadas 

 Espécie de rima que vem sempre em pares. Aa bb


  Bernardo e Vicente, rimas emparelhadas

 Enquanto entoam os padres a velha oração
O solo prende as almas, que se enterram no chão
 Na parelha destreza desta dança que esgrima
A Beleza parelha com a beleza que rima
Sempre na luta de par em par, os cavalheiros
Lutam com as costas unidas, fiéis escudeiros
Vincente ao sul duela contra um grande bárbaro
E Bernardo, ao norte, é o cansaço seu adversário

Rimas interpoladas 

Entre a cruz e a espada o inimigo se fere
Molhada a fronte de sangue e suor
A ferida sofrida é dos males o menor
E a morte por Deus ao homem enaltece
Entre Bernardo e Vicente o inimigo se fere
É o mal da vida trocar a  morte por vitória
E sofrer deste mal a maior derrota
Deste corte profundo que Vicente padece.


Rimas encadeadas  - Quando a palavra final de um verso rima com outra palavra localizada no início ou no  meio do verso seguinte.

        Encadeia-se o fim

O inimigo fere a rima, mas sangra Vicente 
 Em mente a luta que a própria dor sepulta
E da nobreza o que resulta este ato valente
Lembrança sempre de uma guerra inconclusa

Rimas opostas-

  Oposto é o motivo da cruzada

Como é  doce o cântico e o acalento da morte
Que a Vicente encobre nesta guerra de espadas
E a cruz e a sua sombra os clérigos se escondem
Usando de Cristo entre os saques e crimes o nome
O motivo da morte de todos os homens nas cruzadas
Que a procura do ouro, o verdadeiro mote encobre

Coroadas – Quando se sucedem dentro do mesmo verso

     Coroas de horrores

Coroa-se nestas rimas a vilania e a tirania
Aos falsos padres a chama arde, o pecado
E quem mais sujo e impuro for terá alcançado
No traço e no trato a forma demoníaca

Nestas rimas coroadas em jóias muitas vidas
Ornadas com almas nestes campos de batalha


Rimas misturadas - Quando não possuem nenhuma regra a seguir,

Nestas rimas misturadas não há regras a seguir
Há o triste fim e o lamento das almas perdidas
Que neste coro de guerra, entoada por hipócritas
Morre a rima, e alma consome neste fato de mentir
E da mentira a palavra floreia esta divina história
Onde a escória em triste escoras, amarra a vilania.  

Rimas quanto a acentuação Rima Aguda – Formada por palavras oxítonas

Desfile de rimas

Em fino estilo, picante ou satírico, hei de versar
Em agudas críticas os estilos das rimas que virão
Ao fino som de meu vestido hei de espanto  gritar 
 Das rimas graves e esdrúxulas o que vestirão
A grave por ser gorda e em nenhuma roupa entrar
A esdrúxula por ter o mesmo gosto de um pavão
Não possuem a fina elegância deste meu caminhar

Rima Grave – Formada por palavras paroxítonas

Graves razões me levam a proceder assim, tão triste
A um andar, vagar me levam a depressão profunda
Sujeita a ação da gravidade no meu corpo não existe
Rígida e severa, intensa e viva forma de uma escultura
Diz-se dos mais lentos de todos os andamentos, a culpa
Lamento e choro por não caber nas roupas de grifes
E chique, não poder ser nunca por causa da minha cintura
  
Rima esdrúxula – Formada por palavras proparoxítonas.

Visto-me de acordo com a última moda, a eólica
De versos tecidos e bordados entre vocábulos
Perdida entre plumas e paetês, nesta forma estrambótica
A cada estranha roupa vestida um novo espetáculo
O vento vai mudando a minha forma exótica
Vou me perdendo na excentricidade da extravagância
Com penduricalhos me enfeito, e a luz da lâmpada
Após maldoso comentário não fico nunca melancólica 

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