segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Poesia em si - Estilos de Poesia



Acalanto

Acalanto é uma composição breve inspirada nas cantigas de ninar. Geralmente escrita em versos de 5 sílabas poéticas.

Sonha uma criança
Em névoas feitas
Com céu de estrelas
Brilhando esperança
Mas em nuvens alvas
Olhando para a Terra
Um anjo que zela
Pela sua alma
E acorda o pequeno
Meio assustado
Chorando acordado
Com olhos serenos

Rufla as asas no ar
Zelando o menino
Dorme pequenino
E volta a sonhar...

Acróstico


                                                       Ana Cristina
                                   
Acordei um dia e fiquei a procurar
                                    Não sabia o que era, porém me fazia falta
                                    Algo que reunisse tudo o que queria encontrar

                                   
Como uma frase perdida que precisava ser achada
Recriar uma paisagem, algo belo
                                    Inventar uma canção, para que pudesse ser cantada
                                    Saber todos os segredos do universo
                                    Tentar reunir tudo em uma só palavra
                                    Insinuar a sedução,  o  amor,
                                    Néctar de flores a serem sugadas
                                    Acordar e não saber onde estou

                                   
Poder voar como a brisa
                                    Entardecer o dia
                                    Revirar folhas secas, espalhadas
                                    Esperar e dormir só de dia
                                    Invés de a noite ser desperdiçada
                                    Restava-me o que estava perdido
                                    Aceitava a idéia de que não o encontrava

                                   
Depois fiz tudo o que me deu vontade
                                    Um desejo em forma de pessoa
                                    Acabei não encontrando o que procurava
                                    Realmente acho que não foi a toa
                                    Tempo passou, tenho saudade do que desejava
                                    E o que procuro eu não achei, não me fez a mínima falta...
Tinha o amor, e uma pessoa que me amava...


Barcarola

Canção romântica dos gondoleiros de Veneza, Barcarola é uma composição de origem italiana em que há referência há um rio ou lago.

Tempo e amor

De ossos e peles no tecido de um barco
Planando nestas águas turvadas do amor
Não há em Veneza, um gondoleiro que for
Que não se rendeu aos poemas de lastro
E a cada embarcação que neste rio navega
Pesa o toque suave que ajuda os cascos
A navegar por entre os amores encontrados
E a naufragar por amores de outras épocas

Como a dor que ao peito do gondoleiro encerra
O faz cantar para os seus passageiros na esperança
Que sua voz sele o seu amor, ao menos lembrança
Do que ele já amou pois só o seu amor lhe resta....

E a cada triste alma que a sua voz escute
Navega pelos rios desconhecidos da alma
Onde encontra perdido entre quimeras guardadas
O amor no tempo, que o próprio tempo ilude...

Ditiramo,

 Criado na antiga Grécia, o ditirambo era um poema cantado em homenagem a Baco(Dionísio), deus do vinho e da embriaguez. Mas depois de algum, este poema passou a celebrar o próprio vinho. 

Na taça lírica da criação eu bebo
Nas fontes toda a embriaguez de Baco
E entornando toda ilusão percebo
Nesta visão de um mundo imaginado
Na percepção através da taça vejo
Que o criar supera o real traçado

Essas líquidas esferas borbulham o infinito
Que ao mover-se, morre no gargalo a queda
            Todos os tipos e formas das quimeras
            São sopros efêmeros no bafo de Dionísio
            Tendo em sua alma, do homem todo o mal sorvido
            Com o poder que o cálice desta bebida encerra.



Elegia

      Elegia a Ausência



                                                A metáfora do beijo presa ao silencio do tempo
                                    Retrato destilado e consumido das velhas horas
                        Senhoras que tecem areias escolhidas ao vento
                                    E, com mãos de mar, vão e vem desenhando rosas
 Pétalas de ausências esparsas na memória
                        Sempre que a essência do homem, esquecemos
           
Se extinto a vista mas bem visto ao peito
Guarda a rima rara que é esta lembrança
                                               Tendo depois que finda a vida, o efeito
                                               De discorrer em variados tons a esperança
                                               Valsando ao som da música o antigo ritmo
                                   Nos novos passos de dançar conforme a dança
                                               
                                   Sê,  a árdua vida se tornar quimeras
                                   Empresta-me o papel, a tinta e a pena
                                   Que as minhas únicas armas são estas
Escrever ao corpo o que o amor sustenta
                       Ei de acabar assim com o triste fardo
Ao dar  sentido ao verso e ao poema

Não resgata o tempo o que a escrita rouba
E adorna em sua linhas metáforas extintas
Da tinta que compõe o verso que já foi embora
No traço riscado que ao lembrar, consista
Mostrando a forma que não mais se encontra
Mas não perdendo o motivo pelo qual exista.

Na leve distância ao qual a pena incide
Separa do corpo a tinta ao papel unida
E marca e fere na folha de rosto, triste
Em sombras memórias jamais esquecidas
Em emoções de versos, preencher a tinta
No sulco que a pena marca, fere, insiste

Na força e no encanto que a escrita pede
A alma das coisas, saudosas despedidas
Se nesta escrita ao compor já se despede
Na extensão do traço e da forma termina
A mensagem da vida que nunca se esquece
A alma das letras sua essência retira

E ao ter o cerrado punho do poeta escrito
Unido o corpo, o coração e parte da alma
A ausência é parte  incompleta do espírito
Que preencher tenta com o verso que traça
Sobre a vista do mundo ao sopro da lágrima
A luz rarefeita de um breve sorriso

                                   Nestes versos que a saudade é a guia
                                   Não há traço que riscado não se lembre
                                   Nesta memória em que o ocaso dispa
                                   Os bons momentos que se tem na mente


Epigrama

É uma composição poética breve e satírica. Fruto de um pensamento malicioso ou retrato de uma pessoa ou de uma situação com fino humor, pode ser escrito em formas de diálogo ou em forma de quadras.

Aqui sempre foi zona,quizomba na terra da Vera cruz
O professor sociólogo da Sorbone, e nem  ninguém nega
E neste triste  quadro, quando o último for apagar a luz
Terá que se contentar em simplesmente assoprar a vela

Epitáfio

Há duas versões de epitáfio.  a  composição que exalta as qualidades de alguém que haja falecido. Como esta, escrita em oitava rima.

No beijo de mármore ao qual foi confinado
Não há mais de ruflar as asas do tempo
A areia de sua morte há a ampulheta, esvaziado
Cada grão de ar junto com  último lamento
E a razão pura, lasciva, há de ficar selada aos lábios
E no coração, o catre profundo, o seu sentimento
Mas não há de ser força  e o peso de mil terras
Que o seu valor ao esquecimento  à morte encerra.

Espécie de poesia satírica (em geral uma quadra) feito sobre um vivo como se tratasse um morto.

Levanta com tal disposição como faz um morto
A arrasta a sua carcaça a trabalhar durante o dia
E assim passa os dias inertes, nessa total letargia
Sendo ao mesmo tempo, vagabundo e preguiçoso


Haicai

Hai cai é um poema japonês escrito em três versos. O primeiro verso possui 5 sílabas poéticas, o segundo verso possui 7 e o terceiro 5 sílabas, totalizando 17 sílabas. 

Pequena beleza  (5)
Com origem japonesa (7)
Escrita em três versos (5)


Cara do Japão
Mania de reduzir
Tudo a um só botão
            

            A flor da sua pele
            Se rende a relva do corpo
            E me deixa louco

Soneto

Argênteo peito o coração se fixa
                                    Escuro catre de emoções reclusas
                                    Do pó ao sangue, se é a razão que escutas
                                    Não há por quê anoitecer o dia
                                   
                                    Nascentes muros a razão erguia
                                    Lançando à terra duvidosas sombras
                                    Não há do amor quem a razão esconda
                                    Mas há do amor quem da razão se fira

                                    Simples, e poucas, sábias leis fizeram
                                    Mas esqueceram duas bem distintas
                                    Amar, pensar livre arbítrio tiveram
                                     
                                    Escolhendo seus pesos, suas medidas
                                    Apenas ao peito do amante encerram
                                        À sombra do amor, a razão da vida


                                                                                           André Scucato

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