A rima é a semelhança de sons, finais ou internos nos versos.
Quanto à sua localização
Externa e interna
A rima é externa quando os sons são semelhantes no final dos versos
Por ser rima externa estou aqui fora
Morrendo de frio, atrás desta porta
A rima é interna quando rima a palavra final do verso com uma palavra no próprio verso ou no interior do verso seguinte.
Sou rima interna, estou aqui dentro
E aqui vou vivendo, sem hora, sem pressa
Rima quanto ao vocabulário (explicar a nobreza da rima, rara, pobre ou rica)
Rimas pobres ocorrem com palavras da mesma categoria gramatical. Sonoricamente é quando a rima iguala-se as letras a partir da vogal tônica.
Pede esmola à porta, o rima pobre
Que espera da benevolência a sorte
Pode assustar sua pobreza um dia
E a transformar tristeza em alegria 1
Segundo a gramática, dia e alegria são substantivos e pertencem a mesma classe gramatical. Portanto são rimas pobres. Sonoricamente a riam também é pobre, pois as palavras dIAS e alegrIAS só se identificam a partir da vogal tônica.
Rimas ricas São palavras de classes gramaticais diferentes, entre um substantivo e um adjetivo por exemplo. Sonoricamente a rima é rica se a identificação começar antes da voigal tônica.
Em ouro é feita a rima sem usura (Verbo)
Com pedras preciosas esmerada (verbo)
Do verso é a mais rica morada (substantivo)
Repleta de valores a formosura (Substantivo)
Gramaticalmente são rimas ricas, pois usura (verbo) rima com formosura (substantivo) e Esmerada (verbo) com morada (substantivo). Sonoricamente são rimas ricas também, pois a semelhança de letras vem antes da vogal tônica. uSURA com formoSURA (a vogal tônica é o U) e esmeRADA com moRADA. Neste caso a vogal tônica é o (A)
Rimas raras – são as rimas dificilmente encontradas.
Como cinéreos versos traça a escrita
Ciosos, na prosápia do ofício
Nascidas sobre o amplexo do escrínio
Mortas, no doce alento da grafia
Rima quanto à disposição
Rimas cruzadas ou alternadas – aparecem no esquema abab, aparecem sempre cruzada nas estrofes.
Cruzadas rimas
Sobre as armas, as rimas nestas cruzadas
Bernardo e Vincente, nobres cortesãos
Empunham palavras tal qual brancas armas
Cavaleiros honrados, floretes na mão
Do ideal de uma morte, a morte que talha
Honrando e lavrando o sangue cristão
Da parte do corpo, da parte da alma
Faz-se da rima a palavra, a velha oração
Rimas emparelhadas
Espécie de rima que vem sempre em pares. Aa bb
Bernardo e Vicente, rimas emparelhadas
Enquanto entoam os padres a velha oração
O solo prende as almas, que se enterram no chão
A Beleza parelha com a beleza que rima
Sempre na luta de par em par, os cavalheiros
Lutam com as costas unidas, fiéis escudeiros
Vincente ao sul duela contra um grande bárbaro
E Bernardo, ao norte, é o cansaço seu adversário
Rimas interpoladas
Entre a cruz e a espada o inimigo se fere
Molhada a fronte de sangue e suor
A ferida sofrida é dos males o menor
E a morte por Deus ao homem enaltece
Entre Bernardo e Vicente o inimigo se fere
É o mal da vida trocar a morte por vitória
E sofrer deste mal a maior derrota
Deste corte profundo que Vicente padece.
Rimas encadeadas - Quando a palavra final de um verso rima com outra palavra localizada no início ou no meio do verso seguinte.
Encadeia-se o fim
Em mente a luta que a própria dor sepulta
E da nobreza o que resulta este ato valente
Lembrança sempre de uma guerra inconclusa
Rimas opostas-
Oposto é o motivo da cruzada
Como é doce o cântico e o acalento da morte
Que a Vicente encobre nesta guerra de espadas
E a cruz e a sua sombra os clérigos se escondem
Usando de Cristo entre os saques e crimes o nome
O motivo da morte de todos os homens nas cruzadas
Que a procura do ouro, o verdadeiro mote encobre
Coroadas – Quando se sucedem dentro do mesmo verso
Coroas de horrores
Coroa-se nestas rimas a vilania e a tirania
Aos falsos padres a chama arde, o pecado
E quem mais sujo e impuro for terá alcançado
No traço e no trato a forma demoníaca
Nestas rimas coroadas em jóias muitas vidas
Ornadas com almas nestes campos de batalha
Rimas misturadas - Quando não possuem nenhuma regra a seguir,
Há o triste fim e o lamento das almas perdidas
Que neste coro de guerra, entoada por hipócritas
Morre a rima, e alma consome neste fato de mentir
E da mentira a palavra floreia esta divina história
Onde a escória em triste escoras, amarra a vilania.
Rimas quanto a acentuação Rima Aguda – Formada por palavras oxítonas
Desfile de rimas
Em fino estilo, picante ou satírico, hei de versar
Em agudas críticas os estilos das rimas que virão
Ao fino som de meu vestido hei de espanto gritar
Das rimas graves e esdrúxulas o que vestirão
A grave por ser gorda e em nenhuma roupa entrar
A esdrúxula por ter o mesmo gosto de um pavão
Não possuem a fina elegância deste meu caminhar
Rima Grave – Formada por palavras paroxítonas
Graves razões me levam a proceder assim, tão triste
A um andar, vagar me levam a depressão profunda
Sujeita a ação da gravidade no meu corpo não existe
Rígida e severa, intensa e viva forma de uma escultura
Diz-se dos mais lentos de todos os andamentos, a culpa
Lamento e choro por não caber nas roupas de grifes
E chique, não poder ser nunca por causa da minha cintura
Rima esdrúxula – Formada por palavras proparoxítonas.
Visto-me de acordo com a última moda, a eólica
De versos tecidos e bordados entre vocábulos
Perdida entre plumas e paetês, nesta forma estrambótica
A cada estranha roupa vestida um novo espetáculo
O vento vai mudando a minha forma exótica
Vou me perdendo na excentricidade da extravagância
Com penduricalhos me enfeito, e a luz da lâmpada
Após maldoso comentário não fico nunca melancólica
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